Dissertação - Michele Avila Branco

PRÁTICAS ASSOCIADAS À VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO PARTO VAGINAL: ESTUDO DE BASE POPULACIONAL EM UM MUNICÍPIO DO EXTREMO SUL DO BRASIL

Autor: MICHELE AVILA BRANCO (Currículo Lattes)

Resumo

Objetivo: investigar a prevalência de práticas associadas à violência obstétrica e sua distribuição de acordo com características das parturientes residentes em Rio Grande, RS, Brasil. População alvo: parturientes riograndinas, residentes na zona urbana ou rural, submetidas ao parto vaginal de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2016. Delineamento: estudo transversal, de base populacional, inserido num projeto maior denominado “Estudo Perinatal”, conduzido a cada três anos, com o objetivo de avaliar a assistência à gestação e ao parto no município. Desfecho: foi caracterizado quando a parturiente respondia “SIM” a qualquer uma das questões do número 01 ao 15 ou “NÃO” na questão 16, referentes a práticas associadas à violência obstétrica. As análises foram feitas no software Stata 14.0, onde se realizou uma análise descritiva da prevalência do desfecho e utilizou-se o teste exato de Fisher para comparar proporções. Processo amostral: o estudo se tratou de um censo, incluindo 1226 parturientes riograndinas submetidas ao parto vaginal no ano de 2016. Resultados: mais da metade da amostra foi composta por mulheres com idade igual ou superior aos 22 anos (64,9%), cor da pele branca (64,7%), 9 anos ou mais de estudo (51,6%), vivia com companheiro (79,0%), não era primípara (58,0%) e utilizou o Sistema Único de Saúde como fonte de pagamento da internação (94,3%). O exame de toque (68,3%), a episiotomia (41,3%), o uso de medicamento (33,8%), a amniotomia (30,2%) e a manobra de Kristeller (23,1%) foram as práticas com maior prevalência. Outras menos freqüentes foram a falta de informação (8,8%), jejum (7,6%), desrespeito (5,8%), posição supina (3,3%), tricotomia (2,0%) e enema (1,4%). Quando agrupadas de acordo com a gravidade, 50,9% das mulheres relataram sofrer práticas mais severas (categoria 2), sendo mais fequente nas mais jovens (67,2%), com maior escolaridade (58,4%), primíparas (69,8%) e com pagamento privado da internação (72,9%). Mesmo diante dessas taxas, apenas 2,6% das mulheres se reconhecem como vítimas de qualquer tipo de violência. Conclusões: os achados do estudo evidenciam um modelo de assistência intervencionista que precisa se adequar as orientações propostas pela Organização Mundial de Saúde. Descritores: parto obstétrico; violência contra a mulher; saúde pública.

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