Dissertação - Ingrid Moura Dias

SONO E SINTOMAS DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE EM MULHERES NO PÓS-PARTO IMEDIATO: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL NO SUL DO BRASIL

Autor:  INGRID MOURA DIAS (Currículo Lattes)

Resumo

Objetivo: verificar a associação entre características do sono (cronotipo, latência, inércia e duração) e a chance de apresentar sintomas depressivos e ansiosos em mulheres no pós-parto imediato. Delineamento: estudo transversal de base populacional realizado a partir do inquérito perinatal de 2019 da cidade de Rio Grande, RS. População alvo: todas mulheres cujos filhos nasceram vivos em 2019, em alguma das duas maternidades do município onde ocorrem 99,5% dos partos. Desfecho: sintomas depressivos, avaliados utilizando a Escala de Depressão PósParto de Edimburgo, e sintomas ansiosos, utilizando a Escala General Anxiety Disorder 7-item. Análise estatística: Foram calculadas prevalências de depressão e ansiedade para a população total. Médias e prevalências das características do sono foram calculadas conforme operacionalização da variável. Para verificar diferenças entre os grupos, foram utilizados testes bivariados e, finalmente, regressões logísticas para avaliar o efeito das características do sono sobre a saúde mental. Os modelos incluíram caraterísticas socioeconômicas como variáveis de ajuste. Resultados: 2.314 mães responderam ao questionário geral. Dessas, foram analisadas 2.277 para sintomatologia depressiva e 2.307 para ansiosa. A prevalência de sintomas depressivos na amostra foi de 13,7% e de sintomas ansiosos foi 10,7%. Puérperas de cronotipo vespertino (p=0,015), latências maiores de 10 minutos e inércias maiores de 30 minutos (p<0,001) associaram-se a sintomas depressivos, aumentando as chances desses ocorrerem, enquanto que a duração do sono (p=0,004) associou-se a uma diminuição de chances para sintomas de depressão. A associação do sono com sintomatologia ansiosa se deu apenas nas puérperas com latência intermediária (11 a 30 minutos; p<0,001), inércia intermediária em dias livres (p<0,001) e inércia com mais de 30 minutos em dias de trabalho (p=0,019). A maior prevalência de sintomas de depressão (20,43%) e de ansiedade (16,87%) foi encontrada entre aquelas mulheres que demoravam mais de 30 minutos para sair da cama em dias de trabalho. Conclusão: conclui-se que latência e inércia do sono associam-se a depressão e ansiedade, e que cronotipo e duração do sono associam-se a depressão. Inércia de mais de 30 minutos em dias de trabalho mostrou ser um importante marcador para esses transtornos e merece melhor atenção nas avaliações e intervenções em saúde. Descritores: sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, parâmetros de sono, puérperas, perinatal. 

TEXTO COMPLETO