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PARTO VAGINAL, CESARIANA INDICADA E A PEDIDO NO EXTREMO SUL DO BRASIL: OCORRÊNCIA E DETERMINANTES
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Autora: Maria Elisângel a Soares Mendes (Currículo Lattes)
Resumo
Objetivo: Medir a prevalência de tipo de parto e identificar fatores associados à ocorrência de diferentes tipos de parto (vaginal, cesariana indicada e cesariana a pedido) em Rio Grande, RS, em 2019. População alvo: Todas as puérperas residentes em área urbana ou rural do município de Rio Grande, RS, cujo parto tenha ocorrido entre 01/01 e 31/12 de 2019. Delineamento: Estudo censitário com abordagem transversal. Desfecho: Parto vaginal, cesariana indicada e cesariana a pedido. Processo amostral: Censitário, foram incluídas todas as puérperas atendidas nas duas maternidades do município de Rio Grande entre 01 de janeiro de 31 de dezembro de 2019. As participantes foram abordadas nas primeiras 48h pós parto por entrevistadoras previamente treinadas. Análise estatística: Inicialmente as variáveis numéricas foram categorizadas. Posteriormentte foi realizada a análise univariada seguida da análise bivariada utilizando-se do teste qui-quadrado de Pearson, depois regressão de Poisson com ajuste da variância robusta obedecendo ao modelo hierárquico prévio. A medida de efeito utilizada foi a razão de prevalências com seu respectivo intervalo de confiança de 95% (IC95%). Resultados: A prevalência dos tipos de parto foi: 51,1% vaginal, 40,4% cesariana indicada e 8,5% cesariana a pedido. A mediana da renda familiar em salários mínimos foi 2,16(1126) para parto vaginal, 2,87(894) para cesariana indicada e 3,9(191) para cesariana a pedido. A média de anos de estudo para parto vaginal foi de 9,68 (1160), 11,09 (917) para cesariana indicada e 12,30 (193) para cesariana a pedido. Entre as mulheres que tiveram parto vaginal, 77,2% realizaram pré-natal na rede pública, enquanto 81,7% das pacientes que realizaram cesariana a pedido, realizaram pré- natal na rede privada. As mulheres que não tinham morbidade(s) gestacional tiveram mais probabilidade de ter parto vaginal (RP= 1,21, IC95%: 1,11-1,31). Conclusão: A rede pública de saúde exerce um papel fundamental na promoção do parto vaginal, especialmente entre mulheres de menor renda e escolaridade. Esse 6 grupo, frequentemente desprovido de uma rede de apoio social e familiar adequada, encontra no sistema público uma estrutura que favorece práticas obstétricas mais humanizadas e alinhadas às diretrizes da atenção ao parto e nascimento preconizadas pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, a atuação do setor público contribui não apenas para a redução de cesarianas desnecessárias, mas também para a ampliação do acesso a cuidados obstétricos de qualidade para populações historicamente marginalizadas.
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