Dissertação - Denise Soares Rodrigues

  • Uso de serviços médicos especializados em infectados pela COVID-19 no extremo sul do Brasil: ocorrência e determinantes

     

     

    Resumo

     

    Objetivo: Analisar os fatores associados à utilização de serviços médicos especializados entre indivíduos adultos e idosos após 24 meses da infecção aguda pela COVID-19. Métodos: Estudo transversal utilizando dados do acompanhamento da pesquisa longitudinal Sulcovid, realizada no município de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Foram incluídos 1.821 indivíduos com diagnóstico confirmado de COVID-19 entre dezembro de 2020 e março de 2021. O desfecho foi o uso de serviços médicos especializados nos últimos 12 meses (pneumologista, cardiologista, psiquiatra ou neurologista), coletado por meio de questionário semiestruturado. Considerou-se como desfecho positivo a resposta afirmativa ao uso de pelo menos uma dessas especialidades no período, independentemente da frequência de consultas. As variáveis de exposição incluíram sexo, faixa etária, estado civil, escolaridade, percepção de saúde, presença de morbidades, histórico de internação hospitalar e presença de sintomas persistentes de COVID longa. Utilizou-se regressão de Poisson com variância robusta e modelo de análise hierarquizada para identificar fatores associados ao desfecho. Resultados: A prevalência de uso de serviços médicos especializados foi de 31,9% (IC95%: 29,8-34,0), com a especialidade mais procurada sendo a cardiologia (21,4%; IC95%: 19,6-23,3). Na análise ajustada, o uso desses serviços foi significativamente maior entre mulheres (RP: 1,26; IC95%: 1,08-1,46), indivíduos com 60 anos ou mais (RP: 1,24; IC95%: 1,01-1,52), casados/união estável (RP: 1,19; IC95%: 1,01-1,39), com percepção de saúde ruim/muito ruim (RP: 1,50; IC95%: 1,24-1,81), com morbidades pré-existentes (RP: 1,65; IC95%: 1,35-2,01) e com histórico de internação (RP: 1,39; IC95%: 1,14-1,70). A presença de pelo menos um sintoma persistente de COVID longa aumentou em 22% a probabilidade de uso dos serviços especializados (RP: 1,22; IC95%: 1,03-1,45). Conclusão: Identificou-se uma prevalência no uso de serviços médicos especializados dois anos após a infecção aguda por COVID-19, associada a fatores sociodemográficos, condições de saúde e sintomas persistentes. Os achados destacam a importância de estratégias integradas de cuidado para indivíduos com COVID longa, com foco nos grupos mais vulneráveis.

     

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